Entrevistas 25 de abril - O. R. 9.º5

Como forma de comemoração dos 45 anos do 25 de abril de 1974, as turmas do 9.º ano realizaram entrevistas a familiar/vizinhos com o título “Conta-me como foi antes do 25 de abril na Ilha Terceira” . 
Este artigo demonstra o trabalho realizado.


Conta-me como foi na Ilha Terceira antes do 25 de Abril
Nome: Alice Gabriela Machado Leornardes
Idade: 62
Freguesia: Cinco Ribeiras

Como era a iluminação, água, wc, lavagem de roupa?
Não havia eletricidade e as freguesias eram tratadas como aldeias porque eram lugares longínquos e muito pequenos onde habitavam poucas pessoas. As pessoas iam ao chafariz com potes de água que depois traziam, para casa e em algumas casas que tinham terrenos numa nascente tinham água na torneira. Havia uma casa de banho, mas era fora de casa. Nas freguesias mais isoladas, a casa de banho era de madeira com telhado por cima. As pessoas iam a uma ribeira lavar a roupa num tanque com uma pia.

O que comiam, onde obtinham alimentos, quais os preços dos produtos alimentares, se havia épocas difíceis de conseguir alimentos, quais as marcas de produtos que já não existem?
Era tudo a base de casa, tipo quando os enchidos estavam a acabar matavam um leitão, cabra ou uma ovelha, e também usavam muito galinha caseira e eram tratadas com milho, tudo à base de produtos da terra. Com 5 escudos dava para comprar sabão café e petróleo. O pão não se comprava, fazia-se em casa. Já não existem garrafas de pirolito pequenas e gelados tipo em forma de cubos de gelo.

Como se vestiam, se usavam roupas compradas, quem fazia as compras, quais os preços dos calçados?
Comprava-se tecido e a costureira é que fazia a saias, os vestidos e os fatos. Iam ao sapateiro e eles faziam e compravam os sapatos para ir a missa. Era um costureiro que fazia as roupas. O preço não se lembra.

Como se namorava, com que idade se saia da casa dos pais?
Para se namorar um rapaz era difícil, porque os pais eram exigentes. Só com 18 anos a minha avó falou com um rapaz. Alguns só com 21 anos de idade é que podiam sair de casa.

O que acontecia as pessoas doentes, qual a distância do hospital mais próximo, mortes prematuras, como e onde ocorriam os partos?
Usavam tratamentos a base de chás e eram vistos pelo médico só quando estavam muito doentes. Era muito raro irem ao médico porque usavam mais xaropes. Era muito longe, era mais do que da sua freguesia à Praia. Sim, havia mortes prematuras. Os partos ocorriam em casa e era uma senhora que fazia o serviço de parteira.

Como eram as escolas e os professores, como se deslocavam, quantos anos frequentaram, quais os materiais escolares?
Como a escola era muito distante tinham vários professores por pouco tempo. Andava-se muito a pé e não havia carros. Alguns professores estavam só poucos dias e alguns iam para outros lugares porque não gostavam da distância. Andava-se a pé, ou se fosse para andar muito, apanhavam uma carreira. Andou só até à 4ª classe e iam à Calheta fazer o exame. Como materiais usavam a pedra que se se escrevia com lápis de pedra, sebenta e um caderno.

Quantos dias havia de descanso, o que faziam, se havia férias, para onde iam?
Sábado e domingo e feriados e também nas férias. Na hora de almoço brincavam na eira e faziam jogos, uma roda, as pequenas davam as mãos e cantavam “Ai, ai minha machadinha”. Depois de saírem da escola iam para casa. Nas férias era para ajudar os pais em casa, apanhar favas, milho, ervilhas, os homens é que apanhavam o trigo e as mulheres apanhavam as espigas que caiam.

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