Como forma de comemoração dos 45 anos do 25 de abril de 1974, as turmas do 9.º ano realizaram entrevistas a familiar/vizinhos com o título “Conta-me como foi antes do 25 de abril na Ilha Terceira” .
Este artigo demonstra o trabalho realizado.
Entrevista – 25 de
Abril
Trabalho de História
Entrevistador:
José Mendes
Entrevistado: João Contente
Entrevistador:
Como era, antes do 25
de Abril, a habitação, a iluminação, a água, a casa de banho e a lavagem da
roupa?
Entrevistado:
Olha, casas de banho,
no meu tempo em que fui criado, não havia. Lavar a roupa era numa pia, se
lavava à mão e esfregava, numa pia que havia no lavadouro. A iluminação era um
candeeiro para quem tinha, e quem não tinha era um objeto ou uma luz diferente.
A água era dum poço ou da torneira.
Entrevistador:
Como era a alimentação?
Entrevistado:
A alimentação era pela
terra dada. Couves, nabos, batatas, repolho, feijão, enfim, pela terra dada. A
venda, não havia venda porque não havia dinheiro. Havia venda, mas eram os
produtos que se compravam caro.
Entrevistador:
Quanto custava o pão e
o açúcar?
Entrevistado:
Não sei dizer bem, no
tempo era meia coroa, escudos... Não havia dinheiro nem as coisas.
Entrevistador:
Como se namorava?
Entrevistado:
Uns muito mais cedo,
uns muito mais tarde. 18 anos, 20, raparigas com 16, 18, 20 também, outros com
25, 26... Era como hoje. Uns mais tarde uns mais cedo.
Entrevistador:
Havia hospitais?
Entrevistado:
Havia um hospital aqui
que era o que é hoje a casa de repouso. A qualidade era muito pior. Era uma
desgraça.
Entrevistador:
Como eram as escolas e
os professores?
Entrevistado:
Era diferente de hoje.
Os professores, a gente tinha respeito como tinhamos aos nossos pais, mas ao
mesmo tempo havia respeito aos nossos pais. Os nossos pais mandavam-nos para a
escola e os nossos professores davam-nos os ensinos. E os nossos pais também
nos davam ensino, hoje é que não há nenhum ensino para isso. Até se for preciso
os pais é que batem nos professores.
Entrevistador:
Como se ía para a
escola?
Entrevistado:
Íamos com uma malinha
atrás das costas, e lá íamos 2 quilómetros, 3 quilómetros e tal, sempre a pé.
Não havia urbanas.
Entrevistador:
Quantos anos
frequentavam na escola?
Entrevistado:
Só até à quarta classe.
Não era por não aprender, mas o meu pai precisava de mim em casa, e tirou-me da
escola.
Entrevistador:
O que se fazia nos
tempos livres?
Entrevistado:
Nem sequer bola havia.
Jogava-se aos ladrões, às escondidas, aos touros, bilhardes... E era isto. Nas
férias, trabalhávamos em casa dos nossos pais, e era trabalho duro. E por
respeito! Era por respeito que se trabalhava.
Entrevistador:
O que se comia?
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