Entrevistas 25 de abril - F. e S. 9.º4

Como forma de comemoração dos 45 anos do 25 de abril de 1974, as turmas do 9.º ano realizaram entrevistas a familiar/vizinhos com o título “Conta-me como foi antes do 25 de abril na Ilha Terceira” . 
Este artigo demonstra o trabalho realizado.


Trabalho de História - 45 anos do 25 de abril

  Há 45 anos deu-se a revolução dos cravos e desde aí tudo mudou, pois antes as condições de vida eram miseráveis.
  Em relação à habitação, como é óbvio, naquele tempo não havia ainda eletricidade, logo durante o dia a luz do sol servia de iluminação, e à noite usavam-se candeeiros de petróleo ou velas. A água não era canalizada, em praticamente todas as casas havia cisternas ou poços onde tiravam água para o seu dia a dia. Para além disso, existiam também umas divisões chamadas “retretes” que se encontravam na rua, onde as pessoas faziam as suas necessidades durante o dia, e à noite usavam penicos de barro guardados debaixo das camas, que seriam eventualmente despejados na retrete no dia seguinte.
  Nessa altura, a maioria das pessoas trabalhavam de sol a sol para obterem o mínimo de alimentos para sobreviverem, à base de feijão, batatas, couves, trigo e milho que depois seriam levados ao moleiro para fazer farinha para fazer pão, e alguma fruta, os outros alimentos como a manteiga, queijo, açúcar eram comprados já que os preços dos produtos eram relativamente baixos. Os que cultivavam por muitas vezes não tinham sorte, pois poderia haver épocas difíceis de conseguir alimentos devido ao clima. MARCAS QUE JÁ NÃO EXISTEM
  Apesar de algumas vezes as mulheres irem trabalhar na terra com os seus maridos, muitas das vezes ficavam em casa a fazer os seus deveres e costura. Estas normalmente faziam calças de fazenda cutinho, camisas de linho para vestir e andava-se maioritariamente descalço ou quem eventualmente tivesse usava sapatas ou galochas, o que raramente era visto em alguém pois o preço era elevado. Se a roupa não fosse feita pelas mulheres de casa era então comprada a costureiras ou alfaiates.
  Nos dias de hoje todos nós nos entretemos com tecnologia, porém no passado todos passavam o seu tempo a socializar uns com os outros. Havia festas, e nessas festas é que se arranjavam, por muitas vezes, namorados e namoradas, e normalmente esses relacionamentos mantinham-se em encontros onde a mulher ficava à janela do seu quarto e o homem no caminho, ou então por cartas. Passado tempos o homem era apresentado à família de sua amante e mais tarde acabavam por casar, por volta dos 20 e 25 anos, e iam viver juntos.
  Naquele tempo a medicina era escassa e muito pouca avançada. Como existiam poucas curas muitas pessoas limitavam-se a utilizar chás e ervas. Os doentes que necessitavam apoio médico muitas vezes acabavam por morrer pois era difícil ter acesso ao hospital mais próximo, que se localiza atrás da atual Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo e para lá chegar ou ia-se a pé ou de carroça, Devido a estas más condições existiam muitas mortes prematuras, ou seja, precoces. Como era habitual, as famílias dos nossos antepassados eram muito grandes, com muitos filhos, e todos os seus partos ocorriam em casa com parteiras, e com poucas condições e muitos bebés acabavam por morrer, ou até mesmo as mães a darem à luz.
  O ensino hoje em dia é muito exigente, em contra partida, antes estudava-se apenas 4 anos, e como hoje em dia, se alguém perdesse algum ano repetia. Naquela altura apenas se  aprendia o básico, pois os professores não eram qualificados, e por muitas vezes eram maus para os alunos de tal forma que se batia neles dando reguadas. O material para o estudo era pouco, apenas existiam pedras para escrever e um pano para limpar. Existiam normalmente duas escolas por freguesia, uma para meninos e uma para meninas, e essas escolas quase sempre eram casas velhas. Como as escolas eram perto, os alunos deslocavam-se até lá a pé e descalços. Após terminarem a escola, ajudavam sempre os seus pais na terra.
   Como já referido, o trabalho era muito não havendo assim dias de descanso e nem tão pouco se falava em férias, apenas se tinha o domingo que era usado para estar com a família, ir à missa, namorar e jogar às cartas com amigos e vizinhos.


Entrevistado:  A. M.  (75 anos)
                              Santa Bárbara 

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